Como o pipeline de liderança ajuda a formar líderes nas empresas
Foi-se o tempo em que gerenciar uma equipe significava apenas distribuir ordens inquestionáveis. No novo mercado de trabalho, os gestores precisam de uma série de competências técnicas e soft skills, além de buscar constantemente atualizações de suas práticas. Nesse cenário, o pipeline de liderança se tornou uma ferramenta de extrema importância nas organizações.
O conceito, criado pelo indiano Ram Charan, aborda toda a capacitação que um profissional precisa obter desde os primeiros cargos de gestão até a posição de presidente ou CEO.
As habilidades desenvolvidas no percurso têm foco total em formar líderes competitivos, efetivos e modernos. Para entender melhor como funciona esse sistema, confira o artigo a seguir!
O que é pipeline de liderança?
O termo pipeline faz uma analogia com tubulações: os desdobramentos dos canos representam as transformações necessárias para chegar ao topo da hierarquia. Cada etapa ajuda o gestor a melhorar sua capacidade técnica e inteligência emocional à medida que assume responsabilidades mais complexas.
O grande objetivo desse modelo é identificar os melhores talentos, capacitá-los e fomentar a liderança em todos os níveis da organização. Segundo a teoria, a habilidade de conduzir equipes pode ser desenvolvida com base no perfil do colaborador a partir da avaliação do seu potencial, planejamento de carreira e apresentação de resultados.
As 6 transições do pipeline
O pipeline de liderança possui seis transições que, dentro da metáfora, seriam os desdobramentos dos tubos. Cada uma requer o aprendizado de certas habilidades, como gestão de tempo ou os valores profissionais necessários para a função. Vamos às passagens!
1. Líder dos outros
Transição necessária para assumir os primeiros cargos de gestão, como supervisor ou coordenador. É preciso aprender a planejar os projetos, delegar tarefas, treinar subordinados e medir resultados. Ocorre a “virada de chave” entre fazer o trabalho e gerenciá-lo.
2. Líder de outros gestores
Preparação para cargos de gerência ou direção. Nessa etapa, o profissional abandona totalmente as tarefas individuais e começa e pensar além da própria função, com foco em questões estratégicas e formação de novas lideranças.
3. Líder funcional
Nesse nível, destinado a cargos de direção e vice-presidência, o profissional deixa de se preocupar apenas em gerenciar outros gestores e passa a cuidar de toda uma operação. É absolutamente necessário aprimorar a habilidade de comunicação e se esforçar para compreender áreas com as quais não está familiarizado.
4. Líder de negócio
Essa passagem é fundamental, pois líderes de negócios se tornam responsáveis por metas e resultados financeiros. O gestor passa a ter mais autonomia e precisa lidar com uma maior variedade de pessoas. Aqui, se encaixam gerentes, diretores e vice-presidentes de unidades de negócios.
5. Líder de grupo
É essencial que esse gestor desenvolva a habilidade de inspirar e apoiar todas as unidades que se reportam a ele. Requer maturidade administrativa muita alta, com visão global do negócio e capacidade de lidar com múltiplas situações. Vice-presidentes, presidentes e CEOs passam por essa transição.
6. Administrador de empresa
Última passagem do pipeline, na qual se encaixam apenas presidentes e CEOs. Esse gestor tem mais foco em valores que em habilidades, sendo responsável por definir diretrizes, criar planos de longo prazo e se preocupar apenas com o “macro” do negócio, deixando os detalhes operacionais com seus subordinados.
Com essa definição clara de transições, é possível treinar cada funcionário de acordo com suas necessidades, o que favorece a formação de novos líderes e o planejamento de sucessões. Dessa forma, pular etapas do pipeline significa chegar a um novo cargo despreparado.
Como construir um pipeline estável e confiável?
Para conduzir as transições do pipeline de forma adequada, são necessárias algumas ações básicas. Veja mais detalhes sobre elas a seguir.
Tenha foco em desenvolvimento
A educação corporativa é uma grande aliada na construção de um pipeline de liderança efetivo. No entanto, os treinamentos não devem ser aplicados de forma isolada, mas, sim, de acordo com o planejamento de sucessão traçado pela organização e as necessidades de cada colaborador.
Com ações contínuas de desenvolvimento, a empresa guia seus profissionais de forma consciente, fazendo com que eles realmente tenham sucesso em se preparar para cargos maiores.
Ser cuidadoso na elaboração dos conteúdos também é fundamental. Por isso, procure usar métodos atrativos para despertar o interesse dos colaboradores, como e-learning e gamificação.
Além disso, é importante sempre relacionar os temas abordados com a aplicação prática no dia a dia, a fim de facilitar o entendimento e melhorar a experiência de aprendizagem.
Identifique as posições-chave
Para otimizar os esforços de desenvolvimento no pipeline é preciso identificar as posições-chave da empresa — também conhecidas como linchpin positions. Elas consistem em cargos que são essenciais em longo prazo para a organização, mas costumam ser difíceis de preencher, pois demandam competências específicas.
Embora o planejamento de sucessão se concentre em algumas posições do topo, muitas vezes os cargos-chave estão na gestão intermediária. Por isso, o ideal é unir esses dois ambientes em um único sistema, o que possibilita mais precisão na preparação dos gerentes.
Tenha um sistema de sucessão transparente
Com o crescimento dos planos de carreira baseados em resultados e avaliações de desempenho, é natural que os colaboradores contribuam mais com a empresa se souberem onde estão e onde podem chegar.
Daí a importância de um sistema transparente de sucessão. Ele funciona como um motivador, já que os funcionários sabem exatamente o que devem fazer para conquistar novos desafios. Além disso, essa é uma ótima estratégia para reter talentos, pois os profissionais sentem que seus esforços são reconhecidos e valorizados.
Como o pipeline ajuda a formar líderes?
O formato é bem-sucedido na formação de gestores por conta de sua flexibilidade. Ao avaliar o potencial de cada um de acordo com suas próprias características, o pipeline desenvolve, de forma personalizada, as competências pessoais necessárias a líderes de todos os níveis.
Outro ponto importante é a evolução contínua. A cada etapa do processo o colaborador adquire habilidades que o tornarão apto a crescer ainda mais na empresa. Sem o pipeline, um coordenador poderia ficar estagnado após conquistar essa posição, por exemplo. Em vez disso, ele é capacitado para, no futuro, assumir cargos de gerência, direção e assim por diante.
Como aplicar o pipeline de liderança na gestão empresarial?
Não adianta construir um pipeline estável e confiável se ele não for aplicado da maneira correta. Para cumprir esse objetivo, o ideal é começar pelo topo: o desenvolvimento de novos gestores só vai funcionar se a atual liderança servir como exemplo. Os executivos devem ser modelos de comportamento, que servirão como inspiração para os futuros gerentes e diretores.
Também é primordial fazer do pipeline um plano documentado, com atualizações e melhorias contínuas. Mapeie a estratégia de comunicação, treinamentos e feedbacks, além de definir métricas e parâmetros para a capacitação dos novos líderes. Dessa forma, será possível visualizar com mais clareza a evolução dos profissionais e tomar decisões acertadas.
Agora que você já compreendeu a importância do pipeline de liderança nas empresas, que tal colocar o que aprendeu em prática? Com esse método, o seu negócio terá novos gestores em constante formação, o que garante a presença de talentos qualificados na organização, tanto no presente quanto no futuro.